domingo, 14 de agosto de 2011

Pai, a tua missão é acolher!

Pai, a tua missão é acolher!
por Flávio Bastos - flaviolgb@terra.com.br
Existe um mal entendido que provavelmente não tenha surgido do espiritismo ou do budismo que aceitam a reencarnação como uma verdade absoluta, de que "Karma", ou seja, débitos que temos em relação a vidas passadas estejam associados às experiências de sofrimento como condição necessária para "pagamento" dessas dívidas que contraímos ao transgredir as Leis Naturais.

Se fosse assim. as Leis da Reencarnação não seriam coerentes no que diz respeito às funções de quem encarna nos papéis de mãe ou pai, funções de suma importância no sentido da responsabilidade e somente comparável a auto-responsabilidade do espírito diante de sua própria existência.

Em relação à constituição familiar por espíritos simpáticos ou não, as leis reencarnatórias não devem ser confundidas como um mecanismo de punição para aqueles que em outras vidas transgrediram tais leis, e cuja "condenação" na vida atual seria a experiência pelo sofrimento. Mas uma nova oportunidade de reparação e depuração através das relações familiares onde prepondere a energia do amor como forma restauradora da paz e da harmonia enquanto instrumentos de aprendizado e de crescimento mútuo.

À medida que reencarnamos no papel de pai de um coletivo de espíritos "endividados" uns com os outros, temos a oportunidade de cumprir com os deveres de uma das maiores missões do espírito que é a paternidade, repleta de responsabilidades consigo próprio e com o outro.

Engana-se o pai que ainda não tem consciência dos seus deveres em relação ao pequeno ser que veio como seu filho. A educação, a presença física, o afeto e a participação paterna na vida da criança, são experiências inesquecíveis e instrumentos imprescindíveis para a formação de um caráter que irá acrescentar ou alterar significativamente para melhor, os traços negativos de caráter que o espírito-filho traz consigo de outras vivências na matéria.

É comum ouvirmos nos consultórios, queixas ou desabafos de pessoas (e não são poucas) que trazem em seu psiquismo, traumas de uma relação não resolvida com a figura paterna. Muitas dessas pessoas, mulheres adultas ainda emocionalmente fixadas no passado, experenciam suas crises depressivas que são o resultado do sentimento de abandono ou de perda gerados na infância. Situações que trazem para a vida adulta, consequências desagradáveis nas relações afetivas com a figura masculina.

Independentemente do que ocorreu no passado entre espíritos que agora constituem uma família, é dever do pai consciente de sua representatividade espiritual inserida no contexto da vida e, principalmente no enredo familiar, acolher na pobreza ou na riqueza, amorosamente esses filhos, propiciando-lhes uma boa formação e um bom nível de relacionamento inter-familiar. A omissão nas tarefas pertinentes à função de pai, geram em seus filhos, sequelas psíquicas inimagináveis com repercussões na vida adulta.

Portanto, a família sob os pontos de vista da psicologia terrena e da espiritualidade superior, significa o que existe de mais importante (e fundamental) no processo de aprendizagens de valores saudáveis que o indivíduo levará consigo para o resto de sua vida. No entanto, quando falha o mecanismo familiar por omissão ou irresponsabilidade dos pais biológicos ou substitutos, abre-se uma "ferida psíquica" de difícil cura, onde a dor e o sofrimento alicerçado em traumas infantis, somatizam doenças na mente, no corpo e na alma do indivíduo.

Homens, aconteça o que acontecer, não abandonem seus filhos à sorte ou ao azar da vida. A tarefa de pai pode ser árdua, mas o reconhecimento e a alegria pelo sentido de missão cumprida, virá mais tarde na maturidade, quando o nosso desempenho vital começa a ser analisado pela consciência, infalível instrumento que mostra-nos o registro de tudo que fizemos de bom ou de mal no transcorrer de uma existência física.

Homens, não nos iludamos com as tentações que nos tiram do foco principal de nossas responsabilidades paternas: os filhos. Porque a sorte deles depende da forma como conseguimos desprender-nos das inferioridades de nossos egos que nos chamam para as fantasias que encontram-se na direção contrária de nossas responsabilidades e deveres firmados com esses seres na fase pré-reencarnatória do espírito.

Não esqueçamos que embora a prova da matéria seja difícil para todos, somos seres vocacionados para o exercício do amor e não da culpa ou do sofrimento. O amor que acolhe, ensina, aprende e cura feridas. O amor que aproxima indivíduos e que planta a semente da harmonia e da paz aonde a sua transparente energia se fizer presente.

Psicanalista Clínico e Interdimensional.
www.flaviobastos.com

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